26 August 2009

Edward "Ted" Kennedy (1932 - 2009)

O senador democrata Edward "Ted" Kennedy morreu hoje aos 77 anos de idade. Um dos principais rostos do clã Kennedy, o irmão sobrevivente a John e Robert Kennedy, candidato presidencial, um dos patriarcas da família democrata e um aceso defensor dos valores liberais e da justiça social. O senador senior do estado de Massachusetts foi, nestes últimos meses, um importante apoiante do presidente Obama e o do seu projecto de um sistema de sáude de acesso universal.

O respeito e admiração que reunia entre todos os quadrantes, a sua persistência na defesa das suas ideias e a sua trajectória política e experiência, tenho reparado, eram reconhecidos em vários jornais. Não é apenas a política americana que fica mais pobre com a morte do senador Kennedy. É a política dos valores que fica mais pobre.

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Assim vai o trabalho

Reunião à hora de almoço no departamento. Tenho notado uma certa tendência para as reuniões de trabalho serem agendadas para a uma da tarde. A razão é simples: aqui normalmente almoça-se mais cedo, nalguns casos mesmo por volta das 11 horas da manhã. Marcar uma reunião para a uma da tarde não significa, como aconteceria em Portugal, roubar a hora de almoço à pessoa. Apenas se assume que a pessoa já almoçou a essa hora e está pronta a começar o trabalho da parte da tarde.

As reuniões aqui desenvolvem-se de forma rápida, comunicamos o que fizemos, as nossas dúvidas, trocamos impressões e recebemos sugestões. Tem sido assim, quer em reuniões a dois, quer com mais colegas. Existe um certo let's get straight to the point. Agrada-me isso. Existe, ainda assim, espaço para um aquecimento, uma conversa mais informal. Tanto quanto sei, isso não é tão comum entre americanos - pelo menos, esta é uma diferença que os europeus costumam notar em situações de trabalho.

Para já, esta semana irei reorganizar as bases de dados e correr algumas novas análises depois de ter discutirmos algumas opções e soluções para os problemas encontrados. E, como a certa altura se falou na reunião, nestas coisas das investigações, é muito bom que os erros surjam. É muito bom sinal. Eu que o diga no caso da minha tese.

25 August 2009

My twilight zone moment

As poucas cartas que escrever e postais que mandar daqui dos Estados Unidos sempre terão que ir com aquele banal selo com a bandeira americana ondulante. Nos correios perguntei ao funcionário se, por acaso, teriam outros selos. Por exemplos, selos com o Barack Obama. Ele disse que felizmente que não. Fiquei hesistante. Preferiria aquele senhor um selo com a Sarah Palin? Pelos vistos não: nos Estados Unidos as pessoas apenas podem aparecer nos selos depois de mortas. Sendo assim, eu não tenho pressa nenhuma de comprar selos do presidente Obama.

My twilight zone moment

Existe um certo estereótipo do canadiano como um americano que não tem seguro médico privado e fala francês. Ora, eu não encontrei nenhum em Vancouver que falasse com outras pessoas em francês. Se bem que, às tantas, quando chegam a casa, depois de um dia de trabalho na opressora sociedade urbana anglófona, essa pobre gente solta um je suis fatigué...

Vancouver em imagens

No geral, a cidade de Vancouver, mesmo sendo canadiana, não se diferencia muito de outras cidades americanas. Talvez pela proximidade com os Estados Unidos. Como me dizia o Bert, um dos meus colegas de casa americanos, no Quebec a diferença é provavelmente maior. A sua downtown é moderna. A variedade de restaurantes internacionais, sobretudo na comida asiática, é impressionante e envergonha Portland.

Vancouver é a terceira maior cidade do Canadá, a capital da British Columbia. Uma cidade com 2 milhões de habitantes num país que se fica pelos 30 milhões de habitantes - contra os 300 milhões de norte-americanos ali em baixo num país pouco maior. O mais impressionante é talvez a English Bay com a sua marinha, os seus prédios altos, jardins de relva de verdo vivo e as belas linhas do Vancouver Convention Center. Tudo isto apimentado por um dia de sol.






My twilight zone moment

No dia anterior, no autocarro a caminho de Vancouver, uma americana de Seattle tinha-nos dado algumas dicas de locais para visitar na cidade. Uma, em particular, tinha-me chamado a atenção: na Comercial Drive existiam alguns cafés portugueses. No dia seguinte, lá estávamos na tal rua comigo a prometer ao José um típico pastel de nata - que ele nunca tinha provado.

No entanto, de português o tal Joe's Bar teria pouco mais que a bandeira nacional no toldo. Eu na minha inocência esperava entrar num pequeno micro cosmos português onde qualquer emigrante de Vouzela ou Cabeceiras de Bastos se sentiria em casa. Um sítio onde o português, depois de um dia de trabalho, poderia descansar e beber um fino, trincar uns tremoços e trocar uns dedos de conversa sobre o seu Benfica e rir-se das piadas dos Malucos do Riso. Por outras palavras, um lugar muito parecido com a Assembleia da República.

Conselho: se vir algum café português no Canadá anunciando como especialidade o seu capuccino - que como todos sabemos, é típico da zona de Pombal -, suspeite. É bem capaz de encontrar, como eu encontrei, um empregado chinês, cartazes anunciando touradas em Madrid e um dono que fala espanhol com a cliantela hispânica. Sobrou o pastel de nata. Servido bem frio, directamente do frigorífico debaixo do balcão. Como todos sabemos, o pastel de nata servido bem frio é típico de Benavente.

Seattle em imagens (1)

Em Seattle o guia de viagens sugere uma visita à Space Needle. A viagem custa os seus 16 dólares e leva-nos a uns escassos andares acima do solo. Uma alternativa menos conhecida, mas que nos oferece uma vista muito melhor, é o Columbia Center, o edifício mais alto da cidade. O miradouro oferece uma vista panorâmica sobre a cidade, entre a sua downtown, o porto, o aeroporto ou a water front. Tudo a partir do 73º andar deste edifício. Tudo por apenas três dólares, desconto de estudante. O edifício é impressionante: completado em 1985, trabalham nele diariamente 5 mil pessoas e o seu último andar eleva-se 328 metros acima do nível do mar - oferecendo indiscutivelmente a melhor vista sobre Seattle.





Sempre tenho a alternativa de as avistar pelos lados do Mc Donalds...

Os passeios de barcos pelas ilhas de San Juan para avistar orcas e outros animais marinhos são uma aposta forte do turismo de ambos os lados da fronteira. Quer em Seattle, quer em Vancouver encontramos os vistosos folhetos quase sempre com uma orca em pleno mergulho.
As empresas prometem a melhor experiência de whale watching, os melhores guias, a melhor rede de observadores, o melhor barco com a melhor autonomia, velocidade e conforto. E, caso tudo falhe, somos convidados a embarcar novamente, sem qualquer custo, até que vejamos as tão famosas baleias. A coisa não é para menos: cada viagem fica, a partir de Vancouver, a uma média de 120 dólares por pessoa.


Cada empresa não diz apenas diz a melhor, também pede o preço que a melhor pediria. Sem dinheiro para tais aventuras, ficamo-nos por terra. Como dizia um amigo, se queres algo em conta vai ao Mc Donalds e tens whale watching pelo preço de um Happy Meal. E olhem que o rapaz tem a sua razão.

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24 August 2009

Apontamentos de Seattle

Na quinta-feira à tarde lá estávamos, eu e o José, na estação de comboios de Portland prontos para a nossa primeira viagem. A primeira viagem de comboio na América. A primeira viagem para fora do estado do Oregon , com direito a passar a fronteira do Canadá.

Os comboios nos Estados Unidos não são, regra geral, muito populares. Poucas linhas. Poucas ligações. Pouco pontuais. Pouco económicos. Pouco práticos. Da nossa experiência percemos que os comboios não funcionam tão bem como na Europa - desde logo, porque existem menos linhas e porque o processo de embarque é mais demorado e complicado. Mas as carruagens são confortáveis, a viagem directa e o preço final bastante atractivo. Ida e volta de Vancouver, com comboio para Seattle e ligação entre as duas cidades com autocarro, ficou em 60 euros. Falamos de 500 quilómetros para lá e outros tantos no regresso. Arrisco mesmo a dizer que foi barato.

Chegados a Seattle, depois de quatro horas de viagem, apercebemo-nos que a cidade é mais pequena do que esperávamos. A downtown faz-se muito bem a pé. Entre a estação e o Pipe Market, contámos pouco mais de 30 minutos a caminhar. As ruas lembram um pouco São Francisco com as transversais a prolongarem-se por vários níveis. Seattle não é uma cidade plana mas faz-se bem.

A pousada da juventude onde ficámos, a Green Tortoise Seattle Hostel, estava literalmente a quatro passadas do Pipe Market. Saindo da porta da pousada, avistava-se logo a entrada do conhecido mercado de Seattle, uma zona onde nasceu o primeiro Starbucks nos anos de 1970. Muito barato e muito limpo, mesmo muito limpo, eu não esperava um alojamento tão bom na nossa noite em Seattle. Os quartos tinham boliches individuais com direito a cortina e ventoinha e a cacifo individual debaixo de cada par de boliches.

O passeio pela downtown, entre a Space Needle e a zona da Pioneers Square, faz-se numa manhã com direito a algumas pausas para fotografias. Com autocarro para Vancouver pelas cinco horas, concluímos que, para uma viagem de mochila, Seattle se faz num dia. Se quisermos visitar os museus - como a cidade subterrânea, o aquário, a linha de montagem do fabricante aeronáutico Boeing ou o Experience Music Project/Science Fiction Museum & Hall of Fame desenhado por Frank Gehry - precisaríamos talvez de mais dia e meio.

Chinatown em imagens

A Chinatown de Vancouver é, lá dizem os guias, a terceira maior do norte do continente americano, a seguir às de Nova Iorque e Los Angels. Compará-la com a que aqui temos em Portland é um exercício inútil. A nossa praticamente não tem lojas chinesas. A outra tem as lojas, os restaurantes, os sinais, os habitantes. Ali parece viver um importante núcleo da comunidade asiática. As lojas dividem-se entre um pouco de tudo, a começar pelas que vendem as mais estranhas substâncias para a medicina tradicional chinesa.
O jardim tradicional, mesmo pequeno, vale alguns minutos de visita, sobretudo pelo contraste da sua arquitectura tradicional com os prédios altos da downtown da cidade canadiana que surgem ao fundo. Um ponto obrigatório numa visita a Vancouver.





Seattle em imagens (2)

Mais algumas imagens do passeio pelas ruas de Seattle, incluindo dos pontos mais turísticos como a Space Needle e o Experience Music Project/Science Fiction Museum & Hall of Fame.






My twilight zone moment

A visita a uma pequena mercearia e loja de medicamentos naturais e tradicionais chineses, na cidade canadiana de Vancouver, pode ser uma experiência quase surreal. Sobretudo, se estiver à procura de uns doces regionais para oferecer à família.

O meu carro canadiano

Este Hummer americano saído de um qualquer filme com o Stallone ou o Schwarzenegger podia muito bem ser o meu carro de passeio pelo Canadá. Mas o seu dono esqueceu-se de deixar a chave na ignição. Dizem que o Canadá é mais seguro que os Estados Unidos mas aqui não deixam as janelas dos carros abertos. Feitas as contas, fiquei-me pela fotografia e o passeio pela cidade a pé.

My twilight zone moment

Os Estados Unidos são um país tão rico que se dão ao luxo de reservar toda uma estação de comboios, entre pessoal, linhas e terminais de embarque, para um único comboio durante horas. Temos a fila para comprar o bilhete, a fila para o check-in, a fila para entrar na carruagem. O pessoal para vender o bilhete, validar o bilhete e colocar uns escadotes para se subir a cada carruagem. E um único comboio ali, uma boa hora e meia parado na linha, sem que outro lhe faça companhia, à espera de fazer a viagem entre Seattle e Portland.

Ninguém me tira da cabeça que isto é coisa de país rico. Para cada comboio, têm uma estação. O Canadá também é um país rico e, a provar a regra, vai pelo mesmo caminho. Não há outra explicação. Linhas de comboios reduzidas e pouco eficientes, como alguns dizem, é para países como a Nigéria.

My twilight zone moment

Um mês de Agosto americano pode ser enganador. Se viaja de comboio, leve consigo aquela camisola de lã bem grossa a que a sua avó lhe deu pelos anos. Tenho observado por aqui, seja no comboio, seja durante as aulas, uma tendência para, mesmo em dias nublados e nada quentes, ter o ar condicionado regulado para uma temperatura inferior ao exterior. Às tantas, alguma demonstração de uma qualquer empresa da capacidade do seu sistema de ar condicionado em manter uma carruagem abaixo dos 20 graus de temperatura durante quatro horas de viagem. Pois bem: não tenham dúvidas que aquilo funciona.

Sem qualquer receio da gripe

Sem medo da gripe dos porcos, e como qualquer bom cowboy americano, dominei este irado porco no Pipe Market de Seattle. Pode não parecer, mas dominar um animal destes não é para qualquer um. Meninos, não tentem isto em casa.

23 August 2009

Impressões sobre os comboios americanos

Os comboios americanos não são baratos nem as linhas numerosas. O país é grande, e nesta parte relativamente plano, mas a maioria das viagens fazem-se por ar mesmo que as companhias low-cost estejam longe de ter o sucesso que têm na Europa.

Mas, ao mesmo tempo, os comboios americanos são confortáveis, espaçosos e, nalgumas viagens, podemos mesmo ter um filme para assistir como num qualquer voo de uma companhia aérea. São servidas refeições a bordo para quem pedir e existem revistas para ler. A viagem é tranquila e segura. As paragens avisadas com antecedência. E ainda há espaço para alguns detalhes mais pessoais: cada responsável de uma secção - seja o condutor, o revisor ou a responsável do bar - a par dos anúncios relativos às suas funções vai fazendo comentários a cada destino. E assim tivemos a pessoa encarregue pelo bar a anunciar a paragem em Portland, acrescentando um humorado my personal favourite.

Foto: Google Images

20 August 2009

Imprevistos

Para Pittsburgh existem voos de Portland com escala em Nova Iorque. Mas, no regresso, estranhamente não existe qualquer oferta de voos, seja naquele fim-de-semana seja ao longo de Setembro ou Outubro. Fica por saber o que acontece ao avião.

Feitas as contas, a ida à Falling Water ficará para outros voos. Imprevistos acontecem. Vamos para a frente: sugestões de alternativas para voos?

My twilight zone moment

Esta tarde num passeio pela downtown, recebi um folheto de propaganda política. A discussão política acerca da reforma do sistema de saúde americano pelo presidente Barack Obama é intensa.

Com estes argumentos sólidos dificilmente Obama se safa com a sua retórica vazia. Não fosse este folheto e teria sido enganado por uma medida que em tudo aparentava ser sensata mas que não era mais que um primeiro passo para transformar a América que conhecemos num estado fascista. Por outras palavras, uma ditadura como aquelas que Bush condenava. Apenas fiquei com uma dúvida: se para uns, as reformas de Obama são comunistas e para outros estas são fascistas, estaremos a falar das mesmas reformas e da mesma pessoa?

Getting in touch with America,

A visão dos Estados Unidos como uma terra de oportunidades não é linear. Trata-se mais de uma situação no fio da navalha, no cutting edge, em que quem tiver sucesso tem tudo e quem não o tem não tem nada ou perde tudo o que tinha. Contudo, mesmo com todos os seus defeitos, esta é, acima de tudo, uma terra de oportunidades onde vale a pena viver, como me dizia o Anel.

Esta conversa com o Anel surpreendeu-me. Trazia comigo muitos mais estereótipos do que esperava. Na Europa tendemos a pensar que a América é simples e que os americanos são simples. Como personagens secundárias de um filme americano. Mas, a cada dia, a cada conversa, percebo que a América é mesmo um improvável melting pot - tão heterogéno como fascinante.

Uma terra de oportunidades onde muitas vezes, como o meu colega encontrou em empresas em que trabalhou, não basta ser-se o melhor, há que se ter os contactos certos, e onde ainda existe alguma discriminação. Onde existe alguma resistência à inovação e novas ideias. Onde a população é céptica relativamente às reformas sociais e morais de Obama. Onde o individualismo mina muito do trabalho de grupo nas empresas, projectos das organizações e um projecto de justiça social.

Mas este é também um país onde, face à crise, as empresas se regeneram e implementam mudanças. Um país onde as empresas caminham para a inovação, para uma maior abertura e para novos objectivos e práticas. Um país onde quem tenha ideias e projectos pode, facilmente, lançar uma empresa, seja ele de consultoria, serviços ou outros. Sem andar a ter aulas, ando a aprender muito por estes dias.

Culturas

A reunião desta tarde correu bem. O trabalho de análise está a correr bem e este encontrou serviu, sobretudo, para distribuir trabalho e conhecer as duas nossas novas colegas, a Sepi e a Aisha. Na próxima semana estarei a trabalhar na análise dos dados e cotações e vamos fazer alguns encontros para trabalhar num acordo quanto aos valores para cada entrevista. Discussões de grupo. Discussões a várias culturas -afinal, este grupo de estudo da diversidade conta com pessoas da Europa, Estados Unidos, Vietname e Sri-Lanka. É uma experiência muito interessante. Há uma curiosidade e abertura entre estudantes de várias culturas, que eu já tinha sentido em Itália, que é bastante estimulante.

Depois da reunião, oportunidade para um café com o Anel, o estudante do Sri-Lanka, que vive aqui há sete anos e que antes estudou e trabalhou na área da informática. E, quem diria, alguém com raízes em Portugal do lado da família materna? O mundo é pequeno ou, como ele disse, os portugueses de alguma forma conseguiram estar um pouco por todo o lado. Não sabia que o Sri-Lanka tinha sido uma colónia portuguesa e que hoje encontraríamos ainda muitos vestígios arquitectónicos da presença portuguesa e uma comunidade portuguesa lá. Uma pessoa aprende todos os dias.

Portland em imagens (4)

Algumas imagens do passeio que dei por volta da hora do almoço pela downtown. Um sol assim já fazia falta.





19 August 2009

Preparando as viagens

A minha mochila preta tem-se portado bem nestes setes anos. Se tudo correr bem, tem muitos anos pela frente. Mas tinha um defeito: não era uma mochila para backpacker tourism. Quisesse levar ali alguns documentos essenciais, a câmara, um carregador de telemóvel, uma escova de dentes e muda de roupa para dois ou três dias, algo teria que ficar para trás.

Com estas viagens pela frente, com a vontade de aproveitar ao máximo os poucos dias de cada uma, decidi comprar uma mochila. Simples e em conta. No turismo, simpáticos como sempre, indicaram-me que a Andy and Bax , localizada na Grand Avenue, seria uma boa opção para mochilas a bons preços. Tem muito military surplus disseram. Quando lá cheguei percebi do que falavam: mais que uma loja de mochilas e montanhismo, era uma loja com toda a espécie de material de guerra, desde capacetes a camuflados. Queira eu fazer uma guerra e já sei onde me abastecer.

Após alguns minutos lá encontrei a mochila perfeita. Por sorte, nenhuma mochila verde militar gasta e com uma inscrição de us army a relembrar outras guerras e tempos. A mochila que acabei por trazer é nova, desportiva, preta e cinza. Espaçosa. Com mais bolsos que a que tinha, o que ajuda a distribuir dinheiro, documentos e outras coisas. E dois bolsos laterais bastante úteis para ter uma água à mão. Preço? Uns 14 dólares - bem vinda promoção, porque ela já tinha andado pelos 30 e poucos dólares. Uma mochila assim por pouco mais de 10 euros, fico à espera de problemas. Mas para já fico satisfeito com a boa compra.

My twilight zone moment

Esta tarde, na Burnside Avenue, tive uma espécie de encontro imediato com a versão motard do Pai Natal. Consta que as renas não eram suficientemente potentes.

Falling Water e outros passeios pela América

Os fins-de-semana serão agora reservados para viajar, para conhecer os Estados Unidos. Mais viagens do esperava. Melhores viagens do que esperava. Por muito menos do que esperava. No calendário alinham-se Seattle e Vancouver, esta semana, e Washington DC, Los Angels e Las Vegas entre Setembro e Outubro. Costas oeste e este. Norte e sul. Belo e borlesco. Um pequeno retrato da heterogénea realidade americana.

Entre outros planos ainda por confirmar, e uma escala no regresso a Portugal em Nova Iorque, onde tentarei ver o que me for possível, há mais uma certeza. A promoção inclui voos gratuitos para a cidade de Pittsburgh. E o que tem de especial Pittsburgh? Trata-se da cidade mais perto da invulgar casa Falling Water desenhada por Frank Lloyd Wright. Aquela a que muitos chamam o mais famosa casa do mundo.


Lembro-me de ficado intrigado com o projecto quando vi um documentário pela primeira vez, teria pouco mais que doze ou catorze anos. Lembro-me de procurar imagens da casa nas livrarias e de ficar maravilhado com o seu interior. Lembro-me de há uns anos pensar como gostaria de ver esta casa. Lembro-me de em Cesena receber um mapa dos Estados Unidos das mãos da Mariana e de assinalar Pittsburgh - o mesmo mapa que está aqui na parede em frente dos meus olhos. Lembro-me de pensar como era longe de Washington DC e de hesitar se valeria a pena ir até lá. Sem imaginar que poderia ir sem ter que pensar em voos. Inesperado. Dificilmente regressando aos Estados Unidos poderei fazer um desvio para ver esta casa.

Apesar de ser apenas uma casa - dirão alguns e, admito, com alguma razão - há naquela junção de natureza e modernidade, de americano e europeu, de engenho e arte, um resultado que me fascina. Esta é talvez a minha maior aventura aqui, a mais pessoal: cumprir um sonho com anos.

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Impressões de uma cidade moderna

Não sei se Portland é a melhor cidade dos Estados Unidos no que se refere a serviços de transportes públicos - dizem que sim. O que sei é que Portland é, sem dúvida, a com melhor serviço de transportes públicos onde já vivi.

No centro da cidade, na downtown, os transportes públicos são grátis, incluindo o MAX, o metro de superfície, o street car e o autocarro. Se apanharmos um autocarro pagamos um bilhete de dois dólares, mas que podemos usar as vezes que quisermos num espaço de duas horas. Foi assim que hoje fiz três viagens de autocarro com um único bilhete. Enquanto espero posso telefonar para a linha do Trimet, a rede de transportes, e saber quando passam os autocarros de cada linha naquela paragem. Com uma precisão de segundos.

Se quiser, posso também levar a minha bicicleta no autocarro que tem, na sua frente, um suporte para o seu transporte. E se for alguém com mobilidade reduzida, todos os autocarros têm rampa e motoristas prestáveis que ajudam a pessoa a embarcar e desembarcar. Demore o tempo que demorar.

Ao sair do autocarro, o motorista quase sempre diz um thank you a cada passageiro e recebe o cumprimento em troca. Sim, metade disto parece inventado. O curioso é que se eu inventasse, não me lembrava de metade destas boas ideias.

18 August 2009

Uma espécie de retrato oficial

Eu em plena Hawthorne Blvd. com a bandeira americana.

17 August 2009

Em jeito de telegrama

Companhia low-cost americana Jet Blue oferece promoção de voos para Setembro a Outubro. STOP Por apenas 600 dólares pode-se voar as vezes que quisermos, para onde quisermos. STOP Boa cobertura de voos a partir de Portland. STOP Aderi e agora espero passar os meus fins-de-semana a conhecer os Estados Unidos, seja em Las Vegas, Whashington DC ou outros locais. GO!

Getting in touch with America

Desafiados pela Norah, a filha da minha senhoria, eu, o José e a Tânia fomos com ela e com uma amiga à Voodoo Doughnuts (vejam o site aqui). Eles dizem que a magia está no buraco, mas a magia aqui não está tanto no doughnut, original mas não maravilhoso, mas no ambiente e em todo o conceito que rodeia esta pequena loja na downtwon de Portland e onde as pessoas fazem fila para comprar um ou mais doughnuts, incluindo uma caixa enorme com os que sobraram do dia anterior por apenas cinco dólares.

A seguir, juntando-se a nós outro amigo, o Anthony, fomos ao Monte Tabor, um parque donde temos uma das mais impressionantes vistas da cidade, especialmente à noite com todas as luzes. Uma experiência muito boa e uma grande oportunidade para conhecer americanos e conversar com eles.

Foto: Google Images

16 August 2009

Mas como é mesmo Portland?

Para os mais curiosos, fica aqui um vídeo promocional da Portland State University onde podem ver algumas imagens da cidade e da zona do campus universitário. Exactamente como aparece no vídeo. Ou, como dizia alguém há uns tempos, ainda melhor.

Secos & Molhados

Os meus secos & molhados não são agentes da polícia. Isto é um blogue de viagens, de uma experiência dos Estados Unidos. Os meus secos & molhados são pares de meias, camisolas e calças.

Lavar a roupa à máquina nos Estados Unidos não demora mais que meia-hora. A mesma lavagem demoraria uma a duas horas numa máquina portuguesa ou italiana. Um efeito espaço-tempo que Einstein não soube prever. É a este tipo de pessoas que dão um Nobel da Física? Estamos conversados quanto ao rigor da academia sueca.

A máquina é rápida. Se a roupa está lavada já não sei. Pelo menos cheira bem.

A máquina de secar a roupa também não se portou mal, não. Os americanos têm uma estranha obsessão por máquinas de secar. Nos supermercados não vendem molas para a roupa. Tão simples quanto isso. Têm uma palavra para elas, mas não as vendem. Deve ser um pouco como nós a falar de um forno a lenha. Só lamento uma coisa: nesta estreia não tive direito a um brinde, algo como uma miniatura de umas calças ou camisola que tenha lá posto.

15 August 2009

As minhas impressões sobre o American Dream

O meu orientador de investigação, um estudante de doutoramento nos seus 25 anos, a certa parte da conversa diz que este fim-de-semana vai ver a mulher. Um outro professor de 30 anos casou-se há algumas semanas e já vive numa casa que, pelo que conta, é uma mansão. E, observa, enquanto lhe falamos do mercado de trabalho europeu, menos de 50 mil dólares ao ano para a nossa profissão é pouco. A juventude na América não é sinónimo de incertezas, mesmo com a crise em vista. A dependência dos jovens europeus, que sem grandes alternativas adiam a saída de casa até aos 30 anos, espanta-os. Sim, o american dream é mesmo verdade: aqui sonha-se com casa e família desde muito cedo, contam as pessoas pouco mais de 20 anos.

Mas aqui existe a expectativa de se atingir o topo da carreira académica aos 36 anos, como nos diziam há dias. Mas aqui um doutorado pode trabalhar na faculdade, numa empresa de consultoria e aspirar a um emprego bem pago. E conseguir encontrá-lo. Em Portugal, e mesmo em muitos países europeus, as perspectivas são menos sorridentes. Temos mais incertezas. Temos menos poder de compra, mesmo com uma moeda mais forte.

Será este o preço que nós, europeus, pagamos por um sistema de educação, desde a básica à superior, e de sáude que funcionam e são gratuitos e universais? Última nota: nenhum país é perfeito, nenhum país nos oferece tudo.

Se não acreditam, olhem para a minha barriga daqui duas semanas

Este sistema dos restaurantes americanos de, uma vez pago o copo, o podermos encher as vezes que quisermos e com o que quisermos vai ser a minha desgraça. Anotem isto.

Comida mexicana

Sete da tarde na downtown de Portland. Depois de duas horas na Powell's Books, sempre um prazer ver aquele espaço, com a Tânia e o José a ver guias de Seattle e a sonhar com o Hawaii ficava a dúvida: conhecer os Vodoo Donuts, de que toda a gente fala, e à porta do qual as pessoas fazem fila, ou ir logo para o jantar.

Seguindo uma sugestão do Mo Wang, decidimos experimentar um restaurante mexicano. Burrito's time. Para mim, uma estreia. Uma boa estreia. Uma combinação de tortilha mexicana, arroz, feijão, carne e mais alguns temperos e extras ao gosto de cada um. Picante. Saboroso. Pesado. Nota para mim próprio: a repetir.

14 August 2009

Portland em imagens (3)

A manhã de hoje serviu para explorar os arredores de Portland e as cascatas que aqui existem. Impressionante a paisagem do Women's Forum com a vista para o rio Columbia, que divide os estados de Washington e Oregon. No passeio, eu, o José e a Tânia tivemos a companhia do Mo Wang que não poderia ter sido melhor guia por estes fantásticos lugares.

Ao almoço, foi tempo de conhecer um novo restaurante, com comida típica de Taiwan. O conceito funciona assim: cada cliente tem um pequeno fogão com uma panelinha com caldo à escolha - a minha escolha foi para um picante, fabuloso - onde cozinha os igredientes que escolhe numa bancada, entre vários tipos de massas, cogumelos, carnes, peixe, legumes e diversos molhos. Comendo-se o que se quer. Bebendo-se o que quer. Com tal refeição, acabei por dispensar o jantar. Valeu por dois. Mas o passeio valeu por três.