14 August 2009

My twilight zone moment

Partilho a casa com três pessoas. Um italiano, da região da Calábria, que está a fazer um estágio de investigação no hospital. Muito simpático. Um americano que é engenheiro na companhia de televisão por cabo. Muito cool. E um terceiro americano que possui todos os critérios de diagnóstico para personalidade desviante. Desisti de tentar compreender a personagem.

Começo mesmo a achar que entre nós temos um extraterrestre que ocupa o corpo de um jovem de 26 anos com óculos e algum sinal de calvice. Nem vou falar do estranho que é comer o seu jantar no quarto - ou, pelo menos, finge comer, se calhar deita fora esta comida terrestre altamente tóxica para os do seu planeta - ou ter uma segunda fechadura, com chave, no quarto. Nem vou falar da sua capacidade monossilábica para cumprimentos matinais - começo a pensar que o meu vocabulário inglês é mais rico que o dele. Nem vou falar de ter a filha no quarto, ainda não percebi se todos os dias ou num qualquer regime ordenado pelo tribunal. Não vou falar, mas achei por bem listar para terem uma ideia do meu vizinho da frente.

Hoje à tarde, estava na cozinha a debicar umas bolachas com leite e ele chega com compras. Ao meu hi there ele responde com um seco hi. Murmura qualquer coisa que, começo a achar, talvez tenha sido um suspiro de saudades do seu planeta mas que julguei ser um how are you. Erro brutal. Ensaiei uma espécie de conversa, muito inspirado pelo filme Encontros Imediatos de Terceiro Grau, e disse oh, we went to the water falls around Portland. Quando ouves um what? como resposta sabes que devias ter ficado calado. Mas é melhor apenas fazeres-te de ingénuo e dizer ah, you know, we went to the water falls around Portland, really nice para logo receber o seco ah... ok. Desisto. Feitas as contas, existem duas pessoas na casa com que posso ter uma conversa.

[para a família, leiam isto sobretudo como o texto humorístico que pretende ser. no worries.]

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