01 September 2009

Impressões sobre a identidade americana

Os americanos batem realmente palmas quando ouvem o hino. Os americanos acreditam realmente que um militar que vem do Iraque e do Afeganistão é um herói e que ali luta pela liberdade. Como em tantas outras coisas, isto, que vemos em filmes e documentários e nos parece exagerado, é o retrato de uma certa América.

Os americanos parecem ter uma necessidade de encontrar heróis. De ter algo a que se agarrar. Momentos e figuras que possam recordar e admirar. Talvez isso tenha muito que ver com a identidade americana. Ou a dificuldade em encontrar uma. A história da América é a história de vários povos - entre europeus, asiáticos, africanos e sul americanos. A sua história não é única, as suas raízes não são únicas, a sua cultura não é única e mesmo a língua não é única.

Não encontramos aqui, como na Europa, uma identidade com séculos, construída sobre sucessos e insucessos, heróis e vilões, medo e coragem. A história americana é a história de sonhos. Mas de sonhos recentes. Estados Unidos, sim. Porque teve que se unir algo que estava disperso.

A América precisa de heróis intemporais, carregados de virtudes e defeitos. Lincoln não é Napoleão. Edison não é Galileu. Armstrong não é Colombo. Gershwin não é Mozart. Warhol não é Da Vinci. Os heróis americanos são recentes. Mais grave: a maioria dos heróis americanos são demasiado americanos.

Para os americanos, os militares que voltam da guerra, o seu presidente, os seus atletas devem ser admirados e aplaudidos. Eles são, quem sabe, os heróis que este povo, quase inconscientemente, tanto necessita.

1 comment:

  1. Eu prefiro aplaudir a sua impressão. Pedro, como não tenho muito tempo de acompanhar o ritmo em que vc escreve, então, passo aqui pra dizer que passei hj pra saber suas impressões e experiências em Portland e gostei bastante do que vi. Nos vemos em Portugal em breve, beijos, Ju.

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