21 March 2009

Mas parece que é melhor que Coimbra continue como está...

Esta semana perguntaram-me se me estava a habituar à desorganização italiana. Aqui está a ideia que este país é estranho, preguiçoso, maroto. Nalgumas coisas estamos mesmo ao lado da verdade. Noutras, não poderíamos estar mais longe.

A verdade é que Coimbra não está melhor. Mesmo que quem tenha responsabilidade, e isso não implica poder executivo, bata palmas como se isso fosse algo bonito de se ver. Algo estranhamente normal. Aqui em Itália não precisam de parar no tempo, as ruas mostram, sozinhas, que este país tem uma história. Não é preciso retornar, como a passo de caranguejo, ao passado. Coimbra gosta de viver o presente no passado. Audácia. Inovação. Originalidade. Fica para os outros. Fica bem entregue. De uma cidade com uma universidade não podemos esperar nada disso.

Um exemplo. Quando me envolvi numa associação cívica esteve em cima da mesa transformar a nossa vergonhosa penitenciária, mesmo no coração de Coimbra, numa biblioteca e num museu que reunisse o riquíssimo espólio da universidade de Coimbra num único espaço. O do museu de zoologia, o de anatonomia, o de antropologia, o de química, entre outros. Uma proposta que reuniu o consenso de todas as forças políticas mas foi boicotada por uma minoria queque que, falemos verdade, passa com indiferença por essa prisão, mas já a acha bonita se for para protestar em frente dela. Os presos têm o direito a tirar um espaço central da cidade a cidadãos e turistas que procuram conhecer a cidade, a cultura, o conhecimento. Mas conhecer a cidade, a cultura e o conhecimento são crimes graves.

Em Bologna, por exemplo, reuniu-se o espólio da universidade num único espaço. Como devíamos fazer. Como se queria fazer. E o nosso espólio merece-o. Onde eles têm modelos de cera, nós temos peças anatómicas seculares. Onde eles têm ossadas, nós temos animais empalhados. Onde eles têm páginas imprensas, nós temos um espólio riquíssimo de culturas e tribos de toda a África e América. Mas é melhor continuarmos como estamos, parece...

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