08 May 2009

Um fim-de-semana em Veneza

Vista a cidade de Cesena, o pequeno estado de San Marino e apresentados os amigos e o dia-a-dia neste meu cantinho em Itália, eu e a Mariana partimos para Veneza para passar o fim-de-semana.
Apanhámos um comboio regional pelas seis da manhã para Bologna e aí trocámos para um que tinha como destino final Veneza. No compasso de espera houve tempo para a Mariana provar um cappuccino. Apesar de um pequeno imprevisto, a sorte esteve do nosso lado e, sem quaisquer atrasos, chegámos à estação de Santa Lucia na hora prevista. Duas horas e meia de viagem e cerca de treze euros. Uma viagem que pela distância, tempo de duração e conforto, em Portugal provavelmente custaria um pouco mais.

Tivemos logo uma boa impressão da cidade com a imagem do Grande Canal e a Ponte degli Scalzi num dia de sol digno de qualquer mês de Julho ou Agosto. Passados vinte minutos a caminhar pelas ruelas, sempre atentos às placas, e sem grandes hesitações, chegámos à Ponte di Rialto, o ponto de referência para o nosso hotel, o simpático e muito aconselhável Palazzo Lion Morosini. E soube-nos bem o pequeno-almoço, simples mas composto, na varanda do hotel com vista para o Grande Canal. Foi um feliz achado com um preço bem em conta para as condições e localizações. De manhã acordávamos, abríamos as portadas e tínhamos a vista para a pequena igreja de S. Giovanni Grisostomo e à noite saímos a pé e em cerca de quinze minutos estávamos na Piazza San Marco ou, em dois minutos, no Grande Canal onde, por mais estranho que pareça, um menu fica mesmo muito em conta para um jantar diferente com a Ponte di Rialto como fundo.
Veneza de noite é uma cidade encantadora, tranquila, que se faz bem a pé e é segura - se seguirmos os caminhos assinalados, existem sempre muitos turistas e ocasionalmente polícias.

Arrumadas as malas no hotel fomos em direcção à Piazza San Marco. No sábado comemorava-se um duplo feriado. Ou triplo. Se em Portugal tínhamos o Dia da Liberdade, em Itália comemorava-se a Festa della Liberazione , quando os Aliados libertaram a Itália da ocupação fascista em 1945, e em Veneza o dia de San Marco, o principal dia da cidade. A cidade estava cheia e isso via-se pela quantidade de turistas nas ruas. Tivemos sorte com o alojamento.

Desaguar naquela imensa praça onde se situam os grandes monumentos de Veneza, encontrá-la assim cheia de milhares de pessoas, num dia de sol e entre aqueles monumentos que vão da fundação da República de Veneza às Invasões Francesas é uma sensação fantástica. A Mariana gostou particularmente do Bacino di San Marco, a entrada para o mar, que se avista ao fundo junto das Colonne di S. Marco e di S. Teodoro e do Palazzo Ducale.





Feito o reconhecimento fomos almoçar. A mais tradicional comida veneziana: um McMenu degustado nuns bancos na Piazza San Marco. O McMenu é um prato de marcada influência americana, introduzido na gastronomia veneziana algures nos finais do século XX e onde não abundam nem especiarias, nem o fabuloso peixe da região. Marco Polo, esse veneziano tão aventureiro, ao introduzir a massa na dieta ocidental podia muito bem ter incluído o McChicken.
Para os que tenham mais sorte que nós e não o encontrem fechado para um almoço privado, sugere-se o restaurante Basilica mesmo nas proximidades da Riva degli Schiavoni e que tem menus de almoço muito em conta e uma fama impressionante para um restaurante com escassas semanas de vida.
Na zona, encontramos a Ca' del Sol, aquela que me pareceu ser a mais impressionante loja de máscaras de Veneza, seja na variedade, seja na qualidade e originalidade do trabalho ali feito. Os preços impressionam, mas não espantam. Comprar uma máscara não é barato, tenho mesmo ideia que os preços subiram. Pois bem, a máscara do médico da peste negra da Idade Média fica para outra vez. Em boa verdade, as condições higiénicas da minha faculdade em Coimbra também já não obrigam a uso tão frequente como dantes.


Seguimos então para o Palazzo Ducale e depois, com o pôr-do-sol a aproximar-se, subimos ao Campanille. A subida é cara mas a vista é estupenda e dá-nos finalmente uma ideia de como é Veneza, de como nasceu ali no meio de canais, pântanos e estacas uma cidade que foi uma das grandes fronteiras de negócio entre o Ocidente e Oriente. Imaginar que o mundo conhecido na Idade Média acabava praticamente ali, e ali eram recebidas as especiarias das misteriosas índias, é fazer uma viagem no tempo. A Mariana ficou realmente encantada com a vista e disse que, para ela, era uma cidade que valeria um regresso. E eu que regressava ali depois de sete anos, ainda a achar que Veneza é a mais bela cidade italiana, sorri. Pois eu também gostarei de voltar ali.

O final da tarde deu para irmos ainda à Ponte di Rialto e, depois, jantarmos nas redondezas. Um bom primeiro dia em Veneza.

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