11 July 2011

Coisas que não compreendo neste país

A Suíça era, já há alguns anos, o meu wishful country e o mês que levo aqui tem mostrado que existem boas razões para o ser. Mas, claro, também existem coisas que não compreendo.

Falo, por exemplo, da insistência do comércio suíço encerrar às seis da tarde e aos fins-de-semana estar apenas aberto aos sábados no mesmo horário. Falo do tempo que num dia tem trovoada e chuva e catorze graus de temperatura e logo no seguinte tem céu limpo, sol e vinte e quatro graus.


Falo dos casais que têm que inscrever os filhos nas creches ainda antes destes nascerem. Falo de um copo de bom vinho custar metade do que um copo de uma boa cerveja. Falo de uma casa em Genebra, por mais simples que seja, custar um milhão ou dois milhões de francos.

Falo do governo federal que aqui é, na verdade, um colégio sem primeiro-ministro e com ministros de partidos diferentes. Falo do partido mais votado que assenta o seu pensamento político num discurso xenofóbico que faz do PNR uma espécie de partido centrista pró-imigração. Ainda assim, ou talvez também por isso, estou maravilhado com este país. 

Pedro

26 June 2011

Podia ter escrito isto

Ando a acompanhar um blogue de um outro português em Genebra. Dele trago umas palavras que podiam muito bem ser as minhas:

Emigrar. Sair do País. Sair do meu País. Sair do meu País para viver noutro (quase) totalmente desconhecido. Não sei que sentimentos era suposto isso me provocar, mas para ser sincero, a única coisa que sinto é o sabor da aventura.

Pedro

Cartes postales suisses

A primeira vez que vi aspirarem uma rua. Genebra, Junho de 2011.


Pedro

Cartes postales suisses

Passeio pelo centro histórico da cidade. Genebra, Junho de 2011.

Pedro

My twilight zone moment

Uma coisa a reter: em Genebra uma lata de salsichas não é barata e provavelmente não faz parte do cabaz do Banco Alimentar suíço. Não aconselho, por isso, que para matar saudades de um bom produto português se tente comprar uma lata de salsichas Nobre num supermercado chinês: são apenas uns modestos 13 francos suíços, ou seja, 10 euros. Uma ida ao cinema, já agora, ficaria em pouco mais: 15 francos suíços. 

As boas notícias é que num Coop de um bairro português ou num verdadeiro supermercado português os preços são mais em conta.

Pedro

Comment c'est ici a Suisse

Como bom português estou habituado a que qualquer ida ao correio não demore nunca menos de dez a vinte minutos. Mas em Genebra nos correios ao tirar a senha tenho logo a informação quando tempo irei, em princípio, esperar. 

Com dois minutos de tempo de espera e mais de dez número à frente pensei que teria, na verdade, uns cinco minutos de espera e poderei calmamente terminar de preencher os formulários do fax, que aqui estão disponíveis como os envelopes e caixas de encomenda ainda antes de chegar ao balcão, mas enganei-me: dois minutos aqui são dois minutos.

Pedro

Comment c'est ici a Suisse

Aqui e ali surgem alguns aspectos da vida suíça que me maravilham. Um deles é, sem dúvida, a iniciativa Genève Roule que permite a qualquer pessoa usar uma bicicleta gratuitamente na cidade de Genebra. Existem quatro parques distribuídos pela zona histórica da cidade e em cada um se pode levantar uma bicicleta gratuitamente por quatro horas e deixá-la em qualquer um dos parques. Passadas as quatro horas, pagam-se apenas dois francos suíços por hora. No Inverno, mesmo com o frio e chuva, um dos parques mantém-se aberto. Estas bicicletas trazem um cadeado, capacete e têm mudanças manuais - nada mau para uma bicicleta gratuita.

O melhor disto tudo?  A iniciativa destina-se também a reinserção social de emigrantes e sem-abrigo que são, assim, os funcionários destes parques. Era bom que aplicássemos esta ideia em Portugal, não?

Pedro

Play it again, Sam

O bichinho estava cá dentro e depois do que vivi e cresci em Itália e nos Estados não tinha grandes dúvidas: queria voltar a viver no estrangeiro mas desta vez já não como estudante mas como profissional. Acho que a frase que melhor o descreve é a de um amigo que, quando lhe disse que tinha sido seleccionado para um estágio em Genebra, Suíça, e iria deixar o país, não comentou um vais para fora? mas um já vais para fora? Outra vez, sim. 


A Suíça surgiu um pouco de surpresa depois de algumas tentativas, umas bem sucedidas e outras não, e em menos de três semanas estava a mudar-me de Lisboa para a Genebra. Era um risco esta mudança mas a altura era a certa e, sobretudo, o país, a empresa e o projecto profissional eram os certos. Não por acaso na lata Campbell's onde tenho as minhas canetas estavam, há já alguns meses, uma bandeira dos Estados Uunidos e uma outra da Suíça. 

No meio disto tudo, há que dar os louros a quem os merece: este estágio e esta experiência de vida só são possíveis porque a AIESEC criou esta oportunidade. O resto foi be in the right place at the right time. Portanto, esta é a Swiss Season.

Pedro

19 January 2010

Para quem gosta de bacalhau e não só

Pois é, ainda não será desta que actualizo as aventuras que faltam. No entanto, sugerir a visita a dois blogues de dois bons amigos justifica seguramente um post. O Meu Primeiro Bacalhau, do Leo, promete falar de muitas coisas, mas, sobretudo, muito humor e boa disposição. Se quiserem doces, dêem um pulo ao Meu Coração de Açúcar, da Mariana Marques. Ou, em jeito de refeição completa, visitem os dois!

Pedro

11 November 2009

Para quem gosta de fotografia

Nas últimas semanas, a escrita ficou de lado. De regresso a Coimbra, começam a ouvir as histórias que aqui faltam ao vivo e isso tem outra graça. Com mais tempo, as fotografias e relatos que faltam a este turista acidental lá virão.

Para já, é mesmo para recomendar um bom novo blogue de dois amigos, o André e a Filipa, onde partilham o gosto comum pela fotografia: Theo & Pi. Passem por lá e pela exposição com fotografias dos dois que até ao final do mês está patente no Clube Médico, no edifício da Ordem dos Médicos em Coimbra!

25 October 2009

Mochila de novo às costas...

Daqui pouco mais de doze horas estarei a embarcar no avião para Nova Iorque e com isso ficam para trás três meses de Portland e uma grande experiência. Poder viver nos Estados Unidos é um privilégio. Espero tê-lo aproveitado e explorado tanto como sonhei e como vocês, amigos e família, me aconselharam. Acho que sim.

Aquilo que era curiosidade, quase em forma de troça, pela sociedade americana, hoje é um fascínio pelo que aqui se conseguiu, neste continente mágico. Talvez, um dia, nós europeus, também queiramos construir juntos um continente mágico.

O último dia não ficou para as malas mas para uma happy hours num restaurante grego com os amigos e colegas da faculdade e do inesquecível Paccini.

Ficaram histórias por contar, as das viagens de fim-de-semana, mas para essas há tempo - esperam-me oito horas no aeroporto de Portland até ao meu voo de madrugada. Agora, há que aproveitar um último dia em Portland. Vamos a isso.

Pela costa do Oregon

Acompanhados pela Marina, da Ucrânia, a Alissa, que nos levou a conhecer a sua Astoria, e o Allen, de Pittsburgh, estes três europeus foram hoje conhecer de carro a costa do Oregon. Uma viagem com duas paragens.

A primeira delas na pequena vila pescatória de Astoria. Dez mil habitantes, uma impressionante ponte metálica e algo a fazer-me lembrar o filme Shipping News. Daqueles sítios onde se costuma pensar para uma casa de fim-de-semana no inverno, onde se vê o mar e a neblina. Um sítio maravilhoso com ruas de casas tradicionais e um ambiente mesmo familiar, como nos disse a Alissa. Para minha surpresa, surge um leão marinho na água mas, ao que parece, não estava ali por acaso ou perdido mas simplesmente porque existe uma pequena colónia destes animais na cidade.

A segunda paragem foi em Cannon Beach que é uma belíssima praia, a lembrar um pouco a Figueira da Foz: ventosa, com mar bravo e água fria e serra em volta. Para quem, como eu, gosta mais de ver e ouvir o mapa, está muito bem. Especialmente agora no Inverno. E, então, se o fizer como, no nosso caso, com um almoço num restaurante com vista para a praia, tanto melhor. No Mo's comi a melhor clam chowder e uns deep fried shrimps fabulosos. Seguiu-se o passeio na praia e na vila que é como Astoria: eu ficava ali um fim-de-semana a descansar. Foi mesmo um bom final de viagens pelo Oregon e só posso agradecer aos nosso três guias e amigos pelo convite! Thanks!





20 October 2009

Um jogo é mais que um jogo

Um jogo de basketball é mais que um jogo. Logo no início percebemos isso quando é tocado o hino, o pavilhão fica às escuras, e os milhares de adeptos em pé e em silêncio a escutá-lo. Os americanos sabem ser patrióticos como poucos - e até na escolha do hino e da bandeira souberam-no ser. Nestes momentos, eu sinto-me americano. Nestes momentos, eu não consigo deixar de sentir um pouco de admiração ou mesmo inveja porque os americanos construíram uma nação, uma cultura e uma identidade. Quando ouvimos o hino percebemos que existe uma América, de estados unidos, e existem americanos. Mais que a Europa e europeus. Talvez mais que Portugal e portugueses.

Um jogo é mais que um jogo e isso percebe-se também a cada intervalo ou time-out. Desde exibições de claques, concursos, jogos e distribuição de prémios como bilhetes para próximos jogos, há espaço para tudo. Talvez só na América possamos encontrar uma cena como esta: num desses jogos, em que há que fazer tantos cestos quanto possível num dado tempo, faltam três pontos para o rapaz ganhar o prémio e só fazendo um lançamento fora de área o consegue antes do tempo. Parece quase impossível, sobretudo aquele rapaz que falhara lançamentos mais fáceis. Mas, como num qualquer filme, o comentador grita com entusiasmo you have five seconds, you can do it, Spencer. O yes you can não é político, é social. Já o tinha visto antes no rodeo e as pessoas reagem a isso. É emocional. Num segundo mágico, o rapaz lança a bola, entra ou não entra, e ela atinge o cesto. Impressionante. E o estádio, milhares de pessoas, irrompe em celebração porque aquele miúdo encestou. Ponham-se no lugar dele. Há quem sonhe acordado. E podem ter a certeza: sonha na América.

Pedro no mundo do basketball...

A pré-época de basketball começou há duas semanas e isso significa que os Trail Blazers, a equipa da cidade e uma das melhores da liga da NBA, recomeçaram os seus jogos. Uma oportunidade para estes europeus verem como se joga este desporto por terras americanas e ver alguns dos melhores jogadores americanos em acção. E, não vamos esquecer: por um preço muito menor do que nos jogos de época. O bilhete de última fila não só foi muito mais barato do que esperávamos como nos deu uma vista muito melhor para o campo do que poderíamos esperar entre dezenas de milhares de lugares.

Mas e o jogo? É definitivamente algo que nos prende do primeiro ao último minuto porque, facilmente, em dois minutos uma equipa que ganha com larga vantagem fica a perder por três pontos. Tudo depende do modo como os cinco jogadores da equipa adversária jogam e este é um desporto de grande iniciativa, energia e criatividade. Os Denver Nuggets tinham tudo isso e, como disse um dos meus colegas de casa, o Bert, este jogo de ontem foi especialmente bom para um jogo de pré-época. Tivemos sorte, portanto.

A dez minutos do fim, os Blazers não tinham vantagem sobre os rivais e a vitória foi arrancada a ferros: de uma margem de vitória de cinco pontos nos últimos quatro minutos, nos últimos dois minutos, restariam apenas três pontos. E três pontos é o que uma equipa ganha com um lance fora da área de lançamento. Durante o jogo vimos dois ou três e só isso vale o espectáculo como o momento em que os Blazers retomam a posse da bole, fitam as defesas, correm, passam a bola, não entra, tentam de novo, não entra, um agarra, salta e mete a bola no cesto enquanto se agarra ao cesto. Como nos filmes? Melhor que nos filmes, caramba. E isso diz tudo.

A imagem essa é do José que, para nossa sorte, levou a máquina e ainda gravou uns vídeos do jogo.