20 October 2009

Um jogo é mais que um jogo

Um jogo de basketball é mais que um jogo. Logo no início percebemos isso quando é tocado o hino, o pavilhão fica às escuras, e os milhares de adeptos em pé e em silêncio a escutá-lo. Os americanos sabem ser patrióticos como poucos - e até na escolha do hino e da bandeira souberam-no ser. Nestes momentos, eu sinto-me americano. Nestes momentos, eu não consigo deixar de sentir um pouco de admiração ou mesmo inveja porque os americanos construíram uma nação, uma cultura e uma identidade. Quando ouvimos o hino percebemos que existe uma América, de estados unidos, e existem americanos. Mais que a Europa e europeus. Talvez mais que Portugal e portugueses.

Um jogo é mais que um jogo e isso percebe-se também a cada intervalo ou time-out. Desde exibições de claques, concursos, jogos e distribuição de prémios como bilhetes para próximos jogos, há espaço para tudo. Talvez só na América possamos encontrar uma cena como esta: num desses jogos, em que há que fazer tantos cestos quanto possível num dado tempo, faltam três pontos para o rapaz ganhar o prémio e só fazendo um lançamento fora de área o consegue antes do tempo. Parece quase impossível, sobretudo aquele rapaz que falhara lançamentos mais fáceis. Mas, como num qualquer filme, o comentador grita com entusiasmo you have five seconds, you can do it, Spencer. O yes you can não é político, é social. Já o tinha visto antes no rodeo e as pessoas reagem a isso. É emocional. Num segundo mágico, o rapaz lança a bola, entra ou não entra, e ela atinge o cesto. Impressionante. E o estádio, milhares de pessoas, irrompe em celebração porque aquele miúdo encestou. Ponham-se no lugar dele. Há quem sonhe acordado. E podem ter a certeza: sonha na América.

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