Na quinta passada, fomos a uma sessão de debate na universidade de balanço das reformas da administração Obama. Uma oportunidade para saber o que pensam os americanos do seu presidente.
Após alguns dias, continuo a interpretar o debate com cuidado. Primeira ideia: quem estava naquela sala não representa o pensamento de todos os americanos. Naquela sala, Obama não foi criticado por uma direita mais conservadora e evangelista. Naquela sala, Obama foi criticado por sectores que, julgava, deveriam à partida apoiá-lo. Obama foi retratado como alguém que exerce uma presidência imperialista, que pouco se distingue de Bush. Sem perceber os desafios que isso apresenta para as dimensões e particularidades do seu país, as pessoas pediam literalmente que as mudanças fossem uma realidade já amanhã. Algo que alguém soube resumir tão bem dizendo we need a fucking different world - um dos pensamentos políticos mais densos e coerentes que já vi na minha vida. Para mim, ali não fiquei a saber o que pensa a América. Fiquei talvez a perceber que entre a violência e utopismo desta corrente anarquista e o radicalismo e absurdo do dos evangelistas e conservadores, poucas diferenças se encontram.

Obama é um conciliador. Aquelas pessoas não. Isso explica muita coisa. O resto, explicou-o uma pessoa na assistência: o voto em Obama foi, em muitos casos, um voto de protesto. Feitas as contas, o maior desafio de Obama poderá não estar nos que o sempre criticaram mas nos que um dia o apoiaram.
Foto: Google Images
Pedro,
ReplyDeleteParabéns pelos posts excelentes sobre a realidade americana.. as tuas reflexões estão muito interessantes, continua assim. Gostava de ter estado nesse debate sobre a administração Obama. Votos de que tudo continue a correr bem por ai. Beijinhos
Obrigado, Filipa! :)) Acredita que quando veio aquela do "we need a fucking different world" o debate se tornou surreal... eheh
ReplyDeleteAbrcs.